quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Levy: não aposto um centavo no Kassab



Pré-candidato às eleições 2012, presidente do PRTB mostra um pouco de suas idéias além do aerotrem e não perdoa o atual prefeito de SP
Você, provavelmente, conhece Levy Fidelix como o “homem do aerotrem”, como ele gosta de ser chamado em suas propagandas políticas. Aos 59 anos, o presidente do PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro) sairá novamente candidato à prefeitura de São Paulo, em 2012.
Em entrevista ao Portal da Band, Levy mostrou um pouco de suas ideias além do aerotrem. Ele afirmou que se apoiará na figura de Jânio Quadros e prometeu apimentar os debates “colocando na parede os candidatos novatos”. O candidato, que neste ano sofreu prejuízo ao ter parte do carro destruído numa enchente, ainda detonou o atual prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Para Levy, Kassab se esqueceu de São Paulo ao se concentrar na criação do partido e “mentiu para o eleitor” ao não investir o necessário. O candidato do PRTB também afirmou não temer a força política do prefeito e disse que “não apostaria nem um centavo” na imagem dele, que estaria “mais negativa” que a da Erundina.
Levy, você é candidato por um partido menor. Que mensagem você espera passar para o eleitor?

Em 2012, vou dizer o que não me permitiram na última eleição, pois vou participar dos debates. Assim, naturalmente, a disputa ganha muito mais pimenta. Sou veterano entre os candidatos… O Fernando Haddad (PT), o Gabriel Chalita (PMDB)… Conheço muito bem São Paulo e quero colocar eles na parede, além de mostrar que muitas das minhas propostas já foram copiadas como o aerotrem, o anel viário e o seguro calamidade. Sou um candidato de um partido menor, mas com capacidade para administrar uma cidade como São Paulo.

Você utilizará a figura do Jânio Quadros…

Na minha candidatura, vamos homenagear o Jânio Quadros, que foi um dos melhores prefeitos de São Paulo. Ele não permitiu que se praticassem preços abusivos. Ele retirou as favelas dos centros. Começou a construir túneis. Vamos focar sim a mobilidade urbana, mas não apenas na questão do aerotrem. Minha campanha vai ser focada no “varre, varre vassourinha”.

Você não é muito fã do atual prefeito Gilberto Kassab. Como você analisa o governo dele?

O governo do Kassab foi um desastre total. Foi uma decepção, pois ele mente muito, fala as coisas sem pensar. Ele disse na campanha passada que iria fazer postos de saúde e a saúde está pior agora. A iluminação também é um desastre. O Kassab conseguiu fazer um rodízio de lâmpada na Avenida 23 de Maio, de tão ruim que está. Ele só pensou naquele partido dele e esqueceu a cidade, a saúde, as enchentes… Eu até quase perdi meu carro.

Perdeu o carro?

Foi em janeiro ou fevereiro, em Moema. Estava tomando café quando um rapaz me avisou que meu carro estava boiando. Fui ver meu C4 azul (da Citroën) e tinha um monte de outros veículos em volta. Perdi todo o carpete, o painel. Custou quase R$ 3 mil a reforma.

Acha que o Kassab conseguirá emplacar alguém no PSD?

Não aposto um centavo no futuro do Kassab. Ele está com índice negativo maior do que da Erundina. Se indicar alguém para concorrer, ele não será ponto de referência. Acho que a disputa em 2012 será 
boa para candidatos como eu, que tenho o que falar. Os novatos vão apanhar muito.

E a Copa do Mundo? Você vai ter de investir se for prefeito…

Verdade. O Kassab aplicou muito pouco da verba do orçamento. Isso é um crime de responsabilidade contra o povo de São Paulo. Ele não fez nenhuma obra, e teve de se preocupar de última hora com a Copa. Agora, é um erro achar que gastar R$ 1 bilhão na construção do estádio será o suficiente. Itaquera precisará de melhorias no entorno, e a atual gestão não planejou nada. Quero ver quando o trânsito sufocar por lá. Se eu for eleito, vou prever com prioridade os investimentos para a região, que devem somar mais R$ 1 bilhão.

Sobre corrupção, como você analisa o desempenho da Dilma com relação aos ministros dela? Seu partido é da base aliada…

A Dilma está no caminho certo. Toda vez que pintou alguma coisa de escândalo nos ministérios ela atuou no tempo necessário. Claro que os ministros precisam de chance para se defender, mas nada além do normal. A presidente mandou bem nesse ponto. Porém, acredito que ela ainda terá problemas com mais duas ou três baixas até março do próximo ano.

Ainda no tema corrupção, como foi abrir as portas para o Collor retornar depois de tudo o que o Brasil passou com ele?

O Collor não foi eleito pelo PRTB (atualmente, ele é senador de Alagoas pelo PTB). Ele ficou comigo algum tempo apenas (até 2007). No período em que ele passou aqui posso dizer que não teve nenhum ato de corrupção. Agora, ele foi julgado pelo passado e pagou por isso, tanto é que nunca mais vai conseguir ser eleito presidente. Eu apenas quis dar uma chance para que ele retornasse…

Um tema polêmico que ganhou grande dimensão nos últimos dias foi o uso de drogas, depois do ocorrido na USP…

Na minha posição pessoal, eu sou absolutamente contra. É duro quando o jovem chega em casa para tomar dinheiro dos pais para comprar drogas. Eu tenho amigos que sofrem com isso. Agora, como agente público, temos de entender e compreender que a sociedade passa por transformações. Temos de trabalhar mais na prevenção dos problemas e oferecer atendimento médico e internamento. Porém, veja como o problema pode ser mais complicado. Acabamos de ver que o Nem (chefe do tráfico da Rocinha) confessou após ser preso que de R$ 100 milhões que ele arrecadava metade era utilizado em corrupção…

São Paulo possui uma região como a Cracolândia, que é possível ver o comércio de substâncias proibidas livremente a qualquer hora do dia. O que você faria para resolver o assunto?

Na Suíça, em Zurique, existe uma rua que era famosa por ser ponto de drogas. E eles atuaram duramente para acabar com isso. Aqui em São Paulo, a primeira medida que eu terei é de acabar com a Cracolândia. Transformaria tudo aquilo num centro da prefeitura. Iria trazer os prédios das secretarias para lá, tudo num grande centro administrativo. Assim, eliminava aquele câncer.

Se você for eleito, no que concentrará as atenções em São Paulo?

É claro que saúde, educação e segurança são problemas que persistem, mas acredito que o principal ponto é a questão da mobilidade. Se você perguntar para a população, todos dirão a questão do transporte coletivo. O metrô está saturado, não fizeram o aerotrem. Demoraram para fazer o anel viário e o trânsito está caótico. O Kassab demorou para restringir a circulação de caminhões. Eu já tinha esse projeto quando a nossa frota era de três milhões de veículos, e hoje estamos em sete milhões. Falta muita coisa. Não temos placas em inglês para os turistas. Eu pretendo criar dois modelos de táxis. Um para a população e outro exclusivamente para os turistas, com pessoas que falem inglês.

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